sexta-feira, agosto 13, 2010

Uma Noite Qualquer.


Tinha tudo pra ser uma noite como outra qualquer, e foi.
Ela já sabia que seria assim, desde o momento que levantou da cama, no seu quase ritual, vestindo uma camisa surrada alguns números maiores, foi caminhando em passos trôpegos em direção ao banheiro, deu aquela mijada, levantou-se e olhou-se no espelho, parecia que nunca tinha visto aquela cara antes. Acendeu um cigarro, foi em direção a sala, desviando de tudo que havia, sentou no sofá, abriu um conhaque, alí mesmo na boca da garrafa, deu seu primeiro gole, nem fazia mais cara feia, pois já tava acostumada, todo dia era a mesma coisa e toda noite era o mesmo dia!
Em mais uma de suas saídas pra curtir (ou seria pra esquecer a porra da vida que levava?) resolveu fazer tudo diferente, não iria beber todo álcool que encontrasse, nem fumar todos os cigarros do lugar, decidiu que pelo menos essa noite, faria tudo diferente. Não acabaria mais uma vez em um quarto qualquer ou numa cama desconhecida ao lado de algum desconhecido. Assim a noite foi passando e tudo se tornando bem chato, um verdadeiro tédio até que aconteceu algo que poderia ter mudado sua noite. Um rapaz aparentemente tímido, bem vestido, com gel nos cabelos, o que os deixavam mais duro que o pau do velho que ela transou na noite anterior, foi se aproximando e sentou ao lado dela, ofereceu o que estava bebendo e ela aceitou, um suco de alguma fruta vermelha, fazia tempo que ela não sentia algo tão doce tocar suas papilas gustativas, não lembrava mais a última vez que alguém teria sido tão gentil. Tudo que estava acontecendo era novidade em sua vida, provocando estranheza e também uma certa alegria. Não demorou muito os lábios se tocaram, um beijo diferente, um beijo sóbrio, dali pra cama não demorou muito, mas ela tinha decidido que faria tudo diferente e resolveu que não transaria no primeiro encontro, tomado de fúria o rapaz vestiu a única peça que havia tirado e sem mais nem menos, ou ao menos pedir desculpas, foi embora deixando pra trás uma pessoa arrependida de ter feito tudo diferente do que já havia feito, ao menos por uma noite, ela sabia que tinha tudo pra ser uma noite como outra qualquer, e foi. Saiu de encontro ao primeiro bar que tivesse pela frente, entrou, tomou tudo que podia tomar, fumou todos os cigarros que seu pulmão fosse capaz naquele momento, não derramou se quer uma lágrima, o primeiro sujeitinho cretino que a olhasse como se ela fosse uma piranha, ela mostraria do que era capaz. E foi, mais uma madrugada, bêbada, satisfeita pelo sexo sujo, respirava a liberdade que sempre tivera, tinha tudo pra ser uma noite como outra qualquer, e foi.