quinta-feira, dezembro 20, 2012

The End





Todo dia o mundo acaba
pra quem tem sede e não tem agua
todo dia o mundo finda
pra quem tem prato e não tem comida

O mundo acaba todo dia
pra quem é vítima da violência
o mundo acaba pra quem 
quem é vítima de doenças...

Pra alguns o mundo acaba
antes mesmo do fim do mês
o mundo acaba, ou no sexo
ou no exame de gravidez....

o mundo acaba lentamente
quando queremos colher
sem plantar nenhuma semente,
achando que não é culpa da gente.

O mundo acaba todo dia
pra quem pede e pra quem perde um amor
quando a felicidade acaba
o mundo acabou.

Para o Presente
o mundo acaba a todo segundo
e para o futuro 
sempre um recomeço.

O mundo acaba todo dia
pra quem não tem vontade
de viver.

domingo, dezembro 09, 2012

Mar Revolto




E nesse mar revolto
aquele barco vai
levando minha paz,
minha vida e mais...

rumo ao infinito,
longe do cais
seguindo o rumo
do mundo, faz.

vento forte sopra leve
pro horizonte o barco segue
sem leme, sem vela,
à deriva leva, e vai.

desamarra esse nó
deixa essa âncora afundar
corte essa corda
e vamos lá.

pra onde a onda levar
até a terra encontrar
em outro lugar
um mundo novo avistar.

outro porto seguro
outra praia ou um muro
seja o que for que vier
será melhor do que ficou.

Segue teu barco,
antes que ele se despedace na rocha
seja náufrago de sentimento
tenha isso como seu alento, e faz.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Contraditório amor





Nesse desatino 
que desata os nós
quem sabe fomos nós
quem desabamos.

Um agarrado ao outro
outro agarrado a alguem
quem sabe faz bem
se bem que não sei, sabe?

Eu posso ir, eu posso vir
só não sei se posso viver
contraditório amor,
longe não sei quem sou...

Você pode vir, você pode ir
você só não pode dizer,
que contraditório amor,
longe de ti eu sei quem sou...

Me perdoe se sou desatento
mas na verdade eu tento
não errar a todo momento
mas você sabe meu desalento

Na verdade, no fundo no fundo
o teu mundo eu não mudo,
ainda faço de tudo
o que puder fazer.

mas se você quiser

Eu posso ir, eu posso ir
Só não sei se posso viver
contraditório, amor
é não saber o que quer...

Você pode vir, você por ir
só não vá se arrepender
contraditório amor,
sou eu sem você.

sexta-feira, agosto 31, 2012

Perca Peso, Pergunte-me como...



                           Perca Peso Pergunte-me como! Lendo isso num bottom qualquer de um desses vendedores de herbalife ou qualquer coisa que o valha, entrei em profunda reflexão sobre o assunto... não na forma a qual a literalidade da frase expressava, não se tratava  de gramas, quilos, ou quiçá arrobas, a reflexão a qual eu mergulhei rompia a barreira do peso físico, era na verdade um retrato do que eu tentava fazer da vida e que sem perceber estava conseguindo aos  poucos.
                                Ali estava eu, em uma sessão de análise,   em meio a vários pensamentos soltos, elaborando teses, que talvez, não chegariam a ser úteis nem a mim mesmo. Estava teorizando como algumas pessoas, até mesmo eu por vezes, alimentam-se de tudo aquilo que está a sua volta, coisas boas e ruins, e quando digo "alimentam-se", estou sendo metafórico novamente, de fato existem pessoas capazes de absorver tudo que está  à seu alcance, sejam sentimentos, desejos, pensamento, bens materiais, status ou tudo isso. Como um balão ou bexiga, chame como quiser, muitas pessoas fazem questão de estarem cheias, cheias da vida e não de vida, cheias de tudo e de todos. Se entopem de angústias, de raiva, de rancor, orgulho, e tem aquelas que transformam o antídoto em veneno, transformam as coisas boas e preciosas, em meras banalidades. Ao ler aquela frase, naquele bottom, decidi que deveria fazer uma dieta, uma dieta não convencional, fora da proposta de quem usava o lema.
                           Desde então resolvi que era preciso eliminar muitas coisas, muito além de gordurinhas localizadas, era preciso esvaziar-se, desintoxicar-se. Comecei eliminando a reclamação, a cara amarrada, a birra com a vida, era preciso dar um novo local para as coisas boas, e só se consegue um espaço novo, jogando as coisas velhas fora, era preciso se desfazer dos rancores, da raiva, do sentimento de culpa (mesmo sem ter culpa alguma), era preciso perder peso, e para isso era necessário tirar o mundo das costas, ora, ninguém carrega o mundo nas costas sozinho, nem mesmo o próprio mundinho. Confesso que é muito fácil sair desse regime, vira e mexe somos colocados diante de situações que fogem do controle, nada mais natural, porém o que não é natural é prover-se disso, como um rio, quando flui naturalmente pode até deixar suas marcas em seu leito, porém o dano maior é represa-lo.                        
                            Talvez a pessoa que estava usando o bottom, não soubesse me dizer de fato como perder peso, não da forma que eu realmente estava precisando. Ao contrário daqueles que precisam estar "cheios" para se sentirem grandes, eu vi que somente esvaziando-me eu poderia SER grande. 














terça-feira, julho 31, 2012

Azedo!



Azedo

Hoje acordei de bode,
daquele jeito de "comigo-ninguém-pode"
testa franzida, cara amarrada,
sem sorriso de boca amarga...

Café bem forte sem açúcar ou adoçante
que é pra combinar com meu semblante
de quem se esqueceu de acordar
quem não concorda em concordar... 

Na leitura matinal sou a cara do jornal
corro logo para a página policial
pra combinar com o terno no armário
começo lendo o obituário...

To azedo feito o cão
o espelho se trinca de medo 
tô de fazer careta em limão
não baixo a guarda nem beijo o chão!

Quando o dia acabar
ficarei de molho no manjar 
pra quem sabe mais doce ficar
ou pra de vez, tudo estragar.

sexta-feira, junho 01, 2012

O Beliche

               

                 Acho que chegou a hora de mais um dos momentos mais significantes da minha vida, tendo em vista todos os momentos significantes que já vivi. Chegou a hora de desmontar o beliche. É isso mesmo, o beliche, alguns chamam de bicama, mas lá em casa sempre o chamamos de Beliche. Depois de 20 anos e alguns poucos modelos. Chegou a hora. Eu e meu irmão, 2 anos mais novo que eu, sempre, ou quase sempre, dormimos em beliche, desde que eu me entendo por gente, claro teve uma época que eu dormi em um berço, ele também, mas o que eu tenho mesmo em minhas lembranças é o tal do beliche. Sempre dormi na cama de cima, por ser o mais velho, numa tentativa de protege-lo de uma queda ou talvez uma questão de hierarquia fraterna mesmo, não sei.
                 O que eu lembro mesmo, como se fosse hoje, é que o beliche sempre significou muito em nossas vidas, mesmo sem que nos dessemos conta disso, ali era o sono compartilhado, era o papo e as piadas de moleque até altas horas ou até um dos dois cair no sono, era também no beliche o palco de espetáculos quase circenses e a arena de batalhas quase medievais, entre o pulo da cama alta pro chão, a tentativa de escalada da cama de baixo para a de cima, também sobravam alguns socos e pontapés, típicos de irmãos adolescentes, e diga-se se passagem, eu e meu irmão brigávamos muito, aquele tipo de briga que em 20 minutos se desfazia, e um já estava protegendo o outro se fosse o caso, e além de nossos pais, quem testemunhava nossas brigas e reconciliações era o beliche.
                 O tempo foi passando, fomos crescendo, a família foi crescendo, a casa já não era tão grande, tivemos a oportunidade de mudar de casa, mas não seria apenas uma mudança de ambiente, mas também de vida, uma casa, agora própria, um espaço maior, cômodos formatados na disposição de uma casa, não mais de um caixote como era a casa anterior. Mas ainda não seria a hora de desfazer o beliche, agora nosso próprio quarto. Já não brincávamos como antes, assim como não brigávamos com tanta frequência nem tão pouco intensidade, o quarto era agora uma espécie de sala de reunião somente pra eu e ele. Devido à todas as circunstâncias que a vida colocou diante de nós dois, o tempo que passávamos juntos era justamente na hora de compartilhar o beliche, agora com as responsabilidade que tínhamos, o cansaço e o sono eram maiores que a possibilidade de bater papo até altas horas. Já crescidos o problema agora era aguentar o ronco, o medo de que a cama de cima desabasse sobre a de baixo.
                 O beliche era uma espécie de pacto velado, sem necessidade de assinaturas, contratos ou dedos mindinhos entrelaçados. Era a certeza que mesmo depois de um dia todo longe de casa, era ali que iríamos nos encontrar quando a noite chegasse. E foi assim, durante um longo tempo. Não se tratava apenas de uma mobília doméstica, porém de um símbolo de algo que nunca prestamos tanta atenção, algo que só agora faz total sentido para mim.
                 Hoje. Contrariando a lógica da vida, que não tem lógica nenhuma, na contramão do senso comum, meu irmão, mais novo do que eu, está saindo do quarto, saindo de casa, deixando o beliche, vai pra sua própria casa, com sua esposa e sua filha, uma nova jornada, seguindo o passo natural das coisas, o que me deixa muito feliz, saber que meu moleque virou homem, que a responsabilidade e seriedade que sempre demonstrou desde criança, agora está sendo aplicado na prática, na chamada vida real (que muitas vezes parece um sonho surreal). É um momento novo em nossas vidas, de muitas descobertas tanto para ele quanto para mim, com certeza também de muitas dúvidas, principalmente para ele, o que é totalmente compreensivo. Estou muito feliz, por saber que compartilhar o beliche foi fundamental em nossas vidas, pois carrego em mim, além do sangue, a essência do meu irmão, e tenho certeza que ele também carrega um pouco de mim na vida dele.
                 Então chegou a hora de esvaziar o lado de lá do guarda-roupas, de dar mais um passo na minha vida, sair da cama de cima e ir para a de baixo, a única agora. Chegou a hora de desmontar o beliche, transformar o 2 em 1, trata-lo agora apenas como um móvel, mas só a parte física do beliche, porque o significado dele é eterno. A experiência, o amor, o carinho e o companheirismo, esse é indivisível, indestrutível. Por hora, só posso dizer: Vai lá meu irmão, segue tua vida, cuida da tua família, seja para eles o que você sempre foi e é para nós, e se um dia sentir falta do beliche, pode subir em meus ombros que eu te carrego.




Dedico esse texto ao meu irmão Filipe Martins.
(Te amo meu irmão, felicidade, sorte e sabedoria.)

terça-feira, março 13, 2012

Sonho de padaria



Hoje eu acordei frustrado
com uma cara amarrada
por ter acordado de um sonho tão bom...

Maravilhosa utopia,
mais gostoso que o sonho de padaria,
o despertar do despertador era o que menos queria
mas precisava levantar, pois já era dia...

como foi doce aquele sonho
que não era de valsa, mas era uma farsa
feita por graça de uma mente fraca...

talvez, com isso não se brinque,
esse sonho, que pra mim, foi mais importante
que o de Luther King,
saudando a ilusão ao brinde de um bom drink.

Agora, espero que o sol toque o horizonte
que a noite de hoje seja como a de ontem
e que possamos beber da  mesmo fonte,
no subconsciente a gente se esconde.

quarta-feira, fevereiro 29, 2012

O que sobrou do amor...


O amor, matou o amor,
e a lágrima verteu em sangue,
tornou indiferença aquilo que era dor,
desumanizou, concretizou, concreto sou...

Aquele corpo de andar errante
sem nenhum semblante parece cair,
combalecido pelo excesso de querer,
voltará para casa de coração e mãos vazias...

Poderia fechar os olhos só para te ver de novo,
mesmo que isso queimasse minha retina,
levaria café da manhã à cama vazia,
como se você estivesse ali...

Agora a chuva pesada que carrego em meus ombros
lavará meu rosto com desgosto,
antes era tudo o que tinhamos,
agora é tudo o que tenho.

O amor criou o amor,
fazendo-me cair em desgraça
buscando abrigo na casa vazia
que você deixou...