segunda-feira, maio 14, 2007

O cheiro do ralo



Todo caminho por mais curto e estreito que seja...
sempre se abre diante de uma imagem grandiosamente bela.
Eu sinto o cheiro do ralo
eu sinto a fome do cão
eu sinto medo do escuro
eu sobrevivo da escuridão.
Eu moro num beco SEM SAÍDA
não tem nome,
nem endereço
ao meu lado passa um rio,
um riacho chamado desprezo.
Eu mastigo seu consumismo
e cuspo no prato vazio,
meu cheiro de ESGOTO
não é mais escroto que o seu.
Sobreviver a margem da sociedade
e mergulhar no rio podre das beatas
me atiram uma moeda na cara,
achando que salvou minha vida.
Indigente, indigesto
intragável social,
escória escolhida,
corrida pela comida
que a burguesia joga no chão.

todo caminho por mais largo e grandioso que seja...
sempre se encurta e se fecha desaguando no bueiro da rua.