quarta-feira, junho 11, 2014

Livrai-me


Livrai-me

Livrai-me
 da hipocrisia
 da arrogância 
 da verdade
 da esperança

Livrai-me
 da sorte
 da coragem
 da vitória
 da rotina

Livrai-me
 dos sóbrios
 dos realistas
 da sobriedade
 da realidade

Livrai-me
 dos perfumes doces
 das lágrimas salgadas
 dos amores amargos
 das amizades azedas

Livrai-me
 do que repete
 do que se pede
 do que me dão
 dos que se fazem.

Livrai-me
 da petulância
 da dignidade
 do trabalho
 do bem querer.

Livrai-me
 da cerveja quente
 do whiske falsificado
 da vodka com metanol
 da cachaça industrial

Livrai-me 
 dos verborrágicos 
 dos conscientes
 dos pacíficos 
 dos sábios

Livrai-me 
 da virtude
 da virtuose
 da atitude
 da altitude

Livrai-me
 do superbond
 das tupperwares 
 da tampa da azeitona
 do controle sem pilha

Livrai-me 
 do dedo na quina
 do corte de A4
 da falta d'agua
 da Falta de energia

Livrai-me
 do sol
 das cores
 dos pedintes
 dos idosos

Livrai-me 
 de tudo
 de todos
 de mim.

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