terça-feira, abril 25, 2006

casa caos



Mudei a cor da casa,
as cortinas ficaram velhas,
tentei retirar do teto o teu nome
o vão da porta, ainda aberta
me fazia enxergar a tua ida...

Guardei fotografias, pedaços da vida
que a duvida te fez apagar
e agora, sozinho nessa sala
não vejo a hora do mundo acabar..

Quando você partiu,
resolvi olhar pela janela
o céu estava tempestuoso, o dia frio
e as nuvens escorriam pelas minhas mãos,
saberia que foi assim também com você.

Posso trocar os móveis de lugar
acender a lareira, mas a sala
jamais será aquecida como era
quando você estava aqui,
tudo é tão sem cor, cinzas de cigarro e poeira...

Já que nada mais faz sentido
deixa a tempestade cair sobre mim,
o que era vida, caiu em desgraça
como um barco na tormenta,
entre rochedos e ventania...

Nessa subtração, o que era três, agora resta um,
todos os dias são de inverno,
e ao inferno pedi a Deus para ir,
agora, o estampido se faz silencio
o que era um, agora não existe mais.

5 comentários:

Márcia Neves disse...

Lindíssimo...
Profundo, poético até as "últimas conseqüencias".Parabéns, menino, você tem talento de sobra.

Vanessa Anacleto disse...

Poeta Suburbano , eu não tenho talento pra poema e acho maravilhoso ver quem tem. Grata pelo convite a ver os textos.

Anônimo disse...

O passo-a-passo que descreve a reação do sujeito abandonado por sí só já reflete o dom de um grande poeta, mas o final trágico e insólito sublima toda a tensão que parecia declinar-se para uma simples dor-de-cotovelo.
Parabéns!!! Genial!

Anônimo disse...

A prova perfeita de que os modernistas estavam certos, emoção, só emoção é o bastante pra transmitir beleza, e sua arte é bela amigo, meus parabéns!!!!!

Marjorie Chaves disse...

Deste jeito você vai acabar escrevendo um livro... me convida para o lançamento?

=*