Tudo que foi dito nesse tempo todo
se consagra, agora, como velhas histórias
lembranças as quais, quase não me lembro mais
e nem mesmo sei se fiz parte.
Com um olhar perdido no tempo
esforço-me pra enxergar
não reconheço mais essas faces
talvez nunca tenha as conhecido.
Algum tempo atrás tinha a certeza do que era
hoje não posso afirmar quem ou o que sou,
antes estava em meio a multidão,
agora me vejo só, em meio a outros iguais a mim.
Força, rapidez, firmeza e lucidez
acredito não me acompanharem
vejo-me num ciclo inverso,
voltando a ser o que fui um dia.
Pensamentos sem coerência alguma
sabedoria que não se sabe mais,
como um livro antigo, sem capa,
jogado em algum canto, esperando uma mão.
Esse é meu último leito, talvez o mais frio
a luz do abajour que a tempos é companheira
será também a última testemunha,
pois, a luz que procuro, agora há de ser outra.